A cobrança não pode parar

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O vendaval que varreu a cidade de São Paula na sexta-feira, 3, deixou um rastro de destruição que avançou pelos bairros da Subprefeitura Lapa, atingindo a Lapa. Romana, Leopoldina, Perdizes e Pompeia. O balanço da Prefeitura dá conta de 1.400 chamados relacionados a ocorrências com árvores em todo o município. Aqui na nossa região, a Secretaria das Subprefeituras contabilizou a queda de 22 árvores.

O número pode ser pequeno diante do registrado na cidade como um todo, mas as consequências dessas quedas foram desastrosas para os moradores por conta da ineficiência no atendimento prestado pela Enel. Em alguns casos, o restabelecimento da energia elétrica nas residências e comércios que ficaram sem luz por conta das árvores caídas chegou a demorar cinco dias!

Sem mais ter como tomar banho ou armazenar alimentos e remédios na geladeira, a população da Lapa e região externava sua revolta e indignação nas redes sociais. Na Leopoldina, um grupo de moradores chegou a organizar uma ‘barricada verde’, com restos de árvores caídas, em protesto contra o que consideraram um completo e inaceitável descaso da concessionária. A Enel foi posta na berlinda também pelo poder público. No Executivo Municipal, o prefeito Ricardo Nunes encaminhou ao Ministério Público abertura de inquérito para investigar a atuação da empresa durante os últimos eventos. Já no Legislativo, a Câmara Municipal aprovou, na terça-feira, 7, a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), enquanto na Assembleia prossegue outra CPI, esta sobre a compra da Eletropaulo pela Enel.

Se, de fato, a concessionária surge como a grande vilã do caos ocorrido na semana passada, também é verdade que a cidade precisa de um novo modelo de controle de seu ‘acervo verde’. Nesse sentido, cabe ao Tribunal de Justiça liberar o novo plano de manejo arbóreo proposto pela Prefeitura, que torna mais ágil as podas e remoções.

Da mesma forma, seria interessante que a Secretaria das Subprefeituras retomasse um projeto piloto, de 2010, implantado em Perdizes, que avaliou a condição das árvores em ruas do bairro. Na ocasião, para cada árvore foi preenchido um formulário de diagnóstico compreendendo mais de 60 itens relativos à localização, condições do entorno, canteiro, permeabilidade e condições gerais do conjunto arbóreo.

As mudanças climáticas são fato. E não perdoam. Mas não podem continuar a servir de pretexto para o descaso da Enel ou para a lentidão na condução de políticas públicas por parte das autoridades. Cabe, então, à população e a nós, da imprensa, continuar cobrando.

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