Bairro ganha a primeira Residência Terapêutica

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Moradoras da Residência Terapêutica da Lapa

RENATA DE GRANDE REPÓRTER

Instalada a menos de quatro meses na região da Lapa, o Serviço Residencial Terapêutico ou Residência Terapêutica, é a primeira da capital. Tem como referência assistencial o Centro de Apoio Pisco-Social da Lapa (CAPS), que traz como principal objetivo proporcionar condições para a reinserção social, autonomia e construção de novos vínculos para moradores oriundos de hospitais psiquiátricos. A Residência Terapêutica nada mais é do que casas localizadas no espaço urbano, constituídas para responder às necessidades de moradia de pessoas portadores de transtornos mentais graves, institucionalizadas ou não, e que faz parte do projeto do Ministério da Saúde “De Volta Para Casa”.
Segundo Maura Fernanda de Castro Figliolia, psicóloga do CAPS da Lapa, a reforma psiquiátrica em todo o país é fruto de movimento social que há mais de duas décadas luta pela superação do modelo manicomial. “Este projeto teve suas primeiras experiências no inicio da década de 90, em Campinas, Santos e Rio de Janeiro, e que geraram subsídios para a elaboração da Portaria nº106/2000, do Ministério da Saúde, que introduz o SRT no âmbito do Serviço Único de Saúde (SUS)”, esclarece a psicóloga, ressaltando que a Lapa foi escolhida para implantar a primeira das 16 residências previstas para o município, em parceria com a Associação Saúde da Família.
A casa conta com 8 moradoras, de 40 a 65 anos, vindas do Hospital Psiquiátrico Charcot, localizado na Zona Sul de São Paulo, e que permaneceram internadas por mais de duas décadas. De acordo com Maura Fernanda a maioria não possuía nem documentação. “Formamos diversas frentes de trabalho para tentar localizar, pelo menos alguma pista e, quatro senhoras já estão com a documentação completa”, comemora.
A casa funciona como uma república e as moradoras são acompanhadas por profissionais, chamados de cuidador, ou simplesmente acompanhantes comunitárias. A psicóloga explixa que toda semana há uma assembléia para decidir as regras da casa. “Foi uma surpresa para nós, elas terem aceitado bem a convivência e, nesse pouco tempo de convívio, estão assumindo e cuidando da casa, fazem até a comida”, comemora Maura Fernanda, lembrando que permanece ainda o debate sobre as necessidades e condições socio-culturais dos portadores de grave sofrimento metal, pois ainda é intensa a resistência dos que defendem o modelo asilar.
O CAPS da Lapa fica na Rua Catão, 446, Lapa. Telefone 3879-1095.

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