Nem tudo está perdido

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Às portas do Natal, o presente do governo federal é uma crise política, a alta na inflação (mais de 10%) e denuncias de corrupção que não acabam mais. Enquanto se discute o impedimento ou a continuidade do governo de Dilma e a saída de Eduardo Cunha da presidência da Câmara Federal, os vereadores de São Paulo têm na pauta discussões importantes como o orçamento da Cidade para 2016 e o texto substitutivo da lei de Zoneamento que vai ditar as regras do que pode ou não ser construído em cada canto da Cidade.

Com pressão popular e sem acordo, a base governista na Câmara Municipal adiou a votação do substitutivo ao Projeto de Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo para a próxima semana. O relator Paulo Frange, assim como o prefeito Fernando Haddad, quer que a votação do zoneamento aconteça até o final do ano, mas a oposição aponta alguns pontos no texto para obstruir os trabalhos. A votação corre risco de ficar para o Ano Novo, uma polêmica para um ano de eleições que pode prejudicar a campanha para reeleição do prefeito.

Por falar em eleições, até o fechamento dessa edição do Jornal da Gente (sexta-feira) a Secretaria de Relações Governamentais não tinha concluído a apuração dos votos da eleição dos representantes ao Conselho Participativo Municipal de domingo (6) – feita em cédulas de papel. A expectativa é que a totalização aconteça antes do Natal, como presente aos eleitos. A demora na apuração completa uma semana neste domingo e gera desconfiança em setores da sociedade.

Mas quando tudo parece nebuloso, aparece um projeto de inclusão de crianças como uma luz no fim do túnel. Como um bálsamo em meio à polêmica sobre a ocupação de escolas contra a reorganização na rede estadual, o trabalho desenvolvido pela fonoaudióloga Rosana Mendes com os alunos da Escola Estadual Alfredo Paulino da Lapa vem transformando a vida de crianças com dificuldade de aprendizado. Foi em busca de alternativas para ajudar sua filha no processo que ela iniciou o projeto e acabou se especializando em neurociências. Descobriu a diversidade presente no funcionamento cerebral e as variações de desempenho que, na maioria das vezes, determinam o sucesso ou o fracasso nos estudos. Mantendo o conteúdo definido pelos professores, Rosana desenvolveu atividades e provas respeitando o caminho cerebral de sua filha.

A experiência deu certo e sua filha começou a aprender, não apenas adquirindo notas, mas desenvolvendo a capacidade intelectual. O método não separa os alunos por patologias, mas por funcionamento cerebral, identificando quando se trata de uma dificuldade escolar causada por defasagem pedagógica ou algum transtorno funcional que corresponde a casos de déficit de atenção, dislexia, alguns transtornos espectro autista, bipolaridade ou deficiência intelectual. Rosana conta que tinha crianças identificadas com dificuldade de aprendizado, mas a defasagem era tão grande que estavam sendo confundidos com deficientes. “Fui até Brasília falar com a deputada Mara Gabrilli e ela prometeu visitar a escola para conhecer o projeto”. A Escola Estadual Alfredo Paulino aplicou o projeto durante 2015. “Pela primeira vez não temos alunos saindo da escola sem estarem alfabetizados. Uma vitória na educação brasileira”, afirmou a diretora Rosangela na conversa com a deputada. Como disse Mara, é preciso multiplicar boas experiências. O projeto de inclusão de Rosana mostra que nem tudo está perdido.

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