Chuvas fortes na região causam alagamentos e criança morre

0
3025

Foto: Jupira Cauhy

Jupira Cauhy
Córrego na Água Branca enche e arrasta casas de comunidade

As fortes chuvas de terça-feira (20) tiveram grande impacto na região, especialmente na Pompeia e Barra Funda. O trânsito foi intenso com alagamentos nas ruas Barão do Bananal, Venâncio Aires, avenidas Francisco Matarazzo, Pompeia, Antártica, Auro Soares de Moura Andrade, entre outras.

Na Pompeia, foram utilizados R$ 208.593.476,00 da Operação Urbana Consorciada Água Branca para as obras de drenagem dos córregos Água Preta e Sumaré com o objetivo de evitar os alagamentos na região. “Com essa obra temos a recorrência de 25 anos, ou seja, se chover aquilo que costuma chover nos últimos 25 anos, nós não temos risco da Turiassu (Palestra Itália) e a Francisco Matarazzo encherem, porque foram feitas galerias que ligam essas duas vias até o Rio Tietê, com capacidade cinco vezes maior do que a que existia antes”, afirmou o ex-prefeito Fernando Haddad no evento de inauguração da canalização em dezembro de 2016.

Em nota enviada à redação do JG, a SPObras declara que “a gestão passada entregou incompletas as obras de ampliação da capacidade das galerias dos córregos Sumaré e Água Preta por falta de recursos, consumidos com alterações de projeto em função de diversas interferências encontradas durante a obra. Ciente da situação herdada, a atual gestão está buscando soluções para retomar os trabalhos e pretende licitar os 1.800 metros de galerias que faltam ser feitos no córrego Água Preta junto com o prolongamento da Avenida Auro Soares de Moura Andrade. Essas intervenções dependem da disponibilidade de recursos da Operação Urbana Água Branca”.

A presidente da Associação Amigos da Vila Pompeia, Maria Antonietta de Lima e Silva, critica a grande despesa com uma obra que não cumpre às expectativas. “Querem usar mais R$ 30 milhões para terminar a obra. Na época tinha sido orçado em R$ 10 milhões, mas a SPObras passou para R$ 30 milhões. Um absurdo. A dimensão das galerias não é suficiente para uma chuva como a de terça. Não adiantou a canalização, não foi eficiente. Não fizeram tudo, mas receberam. A SPObras não fiscalizou e agora quer pegar de novo o nosso dinheiro”, declara.

Uma criança de um ano e oito meses morreu após a casa de sua família ter sido arrastada pela enchente em um córrego na Água Branca. A menina chegou a ser levada ao AMA Sorocabana, mas não resistiu. Centenas de famílias ficaram desabrigadas e a Prefeitura Regional da Lapa realizou uma operação de emergência com a Defesa Civil e Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social para acolher e garantir a segurança dos desabrigados.

Jupira Cauhy, representante eleita do Grupo de Gestão da OUCAB, explica que os moradores da comunidade conhecida como Favela do Sapo foram cadastrados pela SEHAB para receber moradias com recursos previstos pela lei da Operação Urbana Água Branca. Enquanto as moradias não ficam prontas, 151 famílias recebem um auxílio-aluguel da Prefeitura no valor de R$ 400 por mês. “A OUCAB tem hoje um fundo para obras de R$ 600 milhões. Parte deste recurso é destinado para a construção das moradias para as famílias que eram da Favela do Sapo. Apesar de ter dinheiro, terreno, projeto e 1061 famílias cadastradas (Sapo e Aldeinha), a Prefeitura não tem previsão para o início das obras dos conjuntos habitacionais”, afirma. Segundo Jupira, em fevereiro deste ano a SEHAB esteve no local e foram identificados os 168 barracos construídos e seus moradores.

A Defesa Civil permaneceu no local durante a semana para auxiliar a população. “Há três dias estamos orientando os moradores a saírem. Boa parte deles atendeu, mas uma minoria insiste em permanecer nos barracos que estão em uma situação um pouco mais segura. A Prefeitura Regional da Lapa continua com a operação de limpeza, agora na parte mais difícil que é manual. Não dá para utilizar as máquinas porque tem barracos nas duas margens”, explica Nelson Suguieda, coordenador regional da Defesa Civil da Lapa. Habitação de interesse social foi a principal demanda da população na audiência pública da OUCAB realizada no dia 14.

SEM COMENTÁRIOS

DEIXE UMA RESPOSTA