História de Antônio Britto Marques se mistura à da Lapa de Baixo

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Foto: Bárbara Dantine

Bárbara Dantine
Amélia Queiroz Gasparini com fotos de sua família que retratam a Lapa de Baixo

Ainda sem data para a colocação, moradores da Lapa de Baixo aguardam a instalação da placa da Rua Antônio Britto Marques, no trecho entre o início da Rua Félix Guilhem e o final da William Speers, ao lado do Viaduto Comendador Elias Nagib Breim.

O homenageado é um português de Coimbra que veio para o Brasil em meados de 1890 e foi um dos fundadores da Lapa de Baixo, com muitas histórias ligadas ao bairro. Ele teve 33 netos e 58 bisnetos. Uma das netas, Amélia Queiroz Gasparini, de 91 anos, nascida, criada e que até os dias de hoje mora na Lapa.

Ela conta que seu avô, como a grande maioria dos europeus que vieram ao Brasil no início do século passado, era muito trabalhador. “Sua chácara ficava no terreno onde hoje estão as ruas Félix Guilhem, Moxei a Alves Branco, ou como era chamada na época, na Rua Seis”, diz. Antônio Britto Marques possuía um pomar variado e cerca de 20 vacas das quais tirava o leite que vendia de porta em porta pela vizinhança.

Outras histórias da família de Amélia estão ligadas à história da Lapa, como quando o médico Cincinato Pomponet, que dá nome à via próxima à Rua Doze de Outubro, pediu ajuda para a mãe de Amélia, Thereza Britto Marques, para utilizar as laranjas que tinha em seu pomar para fazer chá e distribuir para a população, durante o surto de gripe espanhola que aconteceu há cem anos. E foi na casa de Antônio Britto Marques que ficou hospedado o proprietário da Casa Felipe, um dos primeiros turcos a mudar para o Brasil. Seus filhos mantiveram o negócio de armarinho do pai nos anos seguintes, na região da Doze de Outubro. Amélia também lembra que, durante a Segunda Guerra Mundial, com a escassez de alimentos, frequentemente era acionada a cavalaria da então chamada força pública para colocar ordem nas brigas decorrentes da disputa de moradores para comprar pão na padaria que ficava no final da Félix Guilhem. Amélia lembra do início da Lapa de Baixo com carinho e lamenta os problemas que vive no bairro. “A Lapa de Baixo está esquecida e olha que ela é mais velha do que a Lapa de Cima. Precisa de mais serviços e estrutura, como supermercados. Mas de qualquer forma, acho que os jovens de hoje são felizes e nem sabem. A gente era feliz e sabia”, diz.

Edna Martins, líder comunitária da Lapa de Baixo, veio do interior e adotou a Lapa de Baixo pela mesma atmosfera amigável entre os moradores que tinha em sua terra natal. Foi ela que levou a documentação à Prefeitura para nomear a rua sem nome, chamada de “rua da feira” em homenagem a Antônio Britto Marques.  Foi com um projeto de lei (PL 454/16) do vereador Eliseu Gabriel (PSB) que a via ganhou nome, e a denominação foi publicada no diário oficial do município no dia 27 de dezembro de 2017.

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