As ações do SP Cidade Linda e Bairro Lindo são aclamadas pelo prefeito João Doria como uma conquista de integração e envolvimento da comunidade na melhoria da Cidade. Especialista em comunicação, Doria venceu as eleições em primeiro turno de forma histórica. E usa o marketing como ninguém.

O prefeito gestor participou de ações no Largo Padre Péricles, no sábado, e na Avenida Pacaembu, com o mutirão Calçada Nova, no domingo. Também no domingo, Doria esteve no SP Aminal realizado na Praça Charles Miller, voltado para animais de estimação com vacinação contra a raiva.

Na sexta-feira passada, João Doria participou do início da Operação Tapa-Buraco na Marginal Tietê, junto à Vila Leopoldina e Anastácio. Na verdade, o prefeito tucano tem percorrido as bordas da Regional da Lapa. Aliás, nas reuniões dos Conselhos Comunitários de Segurança da Lapa e Leopoldina dessa semana foi detectado o descontentamento dos moradores com serviços de zeladoria. Eles querem mais Cidade e Bairro Lindo. A presidente do Conseg Lapa, Flávia Maia disse que das 18 demandas enviadas à regional, 15 estão pendentes. São reclamações sobre fiscalização de bares, Termo de Permissão de Uso (ambulantes) e pedido de poda de árvores, entre outras.

Para ter mais força nas reivindicações junto aos órgãos públicos, a moradora da Vila Jaguara Rosi Dias iniciou um movimento que ultrapassa os limites do seu bairro. Na segunda reunião do que ficou batizado de Agenda Positiva, os participantes se dividiram em pequenos grupos para discutir os problemas das áreas de Meio Ambiente e Zeladoria, Educação e Cultura, Saúde e Obras que envolvem os dois lados do Rio Tietê. No de Meio Ambiente foi detectado o abandono dos parques, por exemplo. No de Saúde foi definido que será solicitada uma audiência com o secretário Wilson Pollara para tratar do projeto de reforma e reabertura do Hospital Sorocabana, UPAs e instalação de Unidades Básicas de Saúde.

De todos os grupos, a prioridade ficou para o de Obras, que discutiu o projeto da Ponte Pirituba-Lapa. Tanto os representantes de Pirituba quanto da Lapa se manifestaram contrários à construção da ponte que vai ligar Pirituba à Lapa pela Avenida Raimundo Pereira de Magalhães, sem alças de acesso para a Marginal. Esse mês, as duas Regionais, Lapa e Pirituba, recebem audiências públicas sobre a ponte. A Agenda Positiva reúne representantes de associações, empresários e moradores da área da Prefeitura Regional da Lapa e de Pirituba para fortalecer a representatividade junto aos órgãos governamentais na busca de melhorias para os moradores.

Ouvir a voz da sociedade é importante para o governo que entra no nono mês de gestão com integrantes pretensos pré-candidatos a deputados. Os comentários envolvem a indicação do prefeito regional da Lapa, Carlos Fernandes (PPS) para concorrer em 2018 uma vaga no legislativo estadual.

Esse ano é de semeadura, de trabalho, e 2018 de colheita de votos nas eleições, mas a descrença da população, com tantos escândalos e desvios de recursos dos cofres públicos, só será alterada com transparência nas ações políticas. Caso contrário, o eleitor deixará de arriscar seu voto em quem quer que seja.

O abastecimento está mesmo na pauta de discussões. O debate sobre o futuro da Ceagesp é um dos assuntos que divide opiniões, em especial de moradores da Vila Leopoldina, onde está instalado o maior entreposto de alimentos da América Latina. Pelo menos, foi o que revelou o Café com a Comunidade realizado pelo JG, dia 16, com o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim. Uns querem a saída do entreposto para modernização da área de mais de 700 mil m², outros preferem ter a venda dos produtos frescos no bairro, mesmo que de forma parcial. O impasse sobre o local do projeto de uma nova Ceagesp segue sem definição. Enquanto isso, as especulações continuam.

Paralelo à questão da Ceagesp está outro debate, não menos importante, também ligado ao abastecimento da região: a concessão do Mercado da Lapa como parte do Projeto de Desestatização do prefeito João Doria. Depois de passar pela primeira votação e Audiências Públicas na Câmara, vereadores do G-19, grupo que apoia o prefeito, mas, segundo José Police Neto (PSD), com independência para apresentar ideias, visitaram o Mercado da Lapa no dia 24, quando a central de abastecimento lapeana completou 63 anos. Além de Police Neto, esteve no mercado seu colega de PSD, Rodrigo Goulart, Reginaldo Tripoli (PV) e Zé Turin (PHS), todos do G-19. Police explicou que a conversa com o presidente da Acomel e comerciantes do mercado foi sobre a concessão.

O grupo desenhou um artigo inteiro do projeto para cada um dos 14 mercados e sacolões. Nele, os permissionários, como os do Mercado da Lapa, ganham a preferência no processo. O artigo mantém o caráter público, sem cobrança de acesso do usuário para o uso do banheiro, por exemplo, e também dá direito ao concessionário de explorar o espaço de estacionamento, publicidade e eventos no seu interior.

Pelo Mercado da Lapa passam cerca de 8 mil pessoas por dia. Nas sextas e sábados chega a 12 mil e em época de Natal, mais de 20 mil. Para atender melhor esse público, a Acomel (Associação dos Comerciantes do Mercado da Lapa) investiu na reforma de banheiros que ganharam acessibilidade para deficientes e no telhado que recebeu proteção térmica. A reforma proporcionou mais conforto para trabalhadores e público, resultando em menos gastos de energia pelos equipamentos de refrigeração. O Mercado é um local de muitas possibilidades de investimentos futuros.

A expectativa do grupo de vereadores é que até setembro sejam apresentadas as manifestações de interesse e investimento para as concessões.

Os comerciantes do Mercado da Lapa terão que seguir exigências. Entre elas se profissionalizar para ter direito à essa prioridade no Programa de Desestatização.
Agora é aguardar mais um pouco para saber como fica essa discussão.