Falta de sensibilidade

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Enquanto a sociedade organizada é chamada pela Câmara Municipal e Assembléia Legislativa a encarar de frente o respeito às normas legais da acessibilidade, moradores e pessoas que passaram pelo Alto da Lapa ficaram indignados com a decisão da sub-prefeitura de interditar, com grande bloco de concreto, uma íngreme viela localizada na Rua Tomé de Souza.
Muitas delas ouvidas pelo Jornal da Gente não conseguem entender como a administração da Lapa foi capaz de bloquear o acesso, impedindo, assim, que uma menina de 12 anos, cadeirante, vítima de grave anomalia pudesse ter acesso à entrada da sua própria casa conforme mostra reportagem publicada nesta edição.
Não existe explicação que possa justificar o enorme constrangimento dos familiares da pequena estudante da AACD ao se depararem com a dureza e frieza de um bloco de concreto que, a pretexto de salvaguardar a ordem pública, criou, isto sim, insuportável e vergonhosa barreira da exclusão.
O que deve se passar no coração de um avô e de uma mãe ao verem a pequena adolescente, sentada numa cadeira de rodas, ser erguida, com ajuda de terceiros, para transpor a injusta barreira de concreto colocada ali por ordem expressa da própria subprefeita, que mora não muito distante dali?
Solidários à dor dos familiares – gente de humilde posse – se juntaram várias vozes anônimas: vizinhos, vigias, jovens estudantes do Instituto Àuthos Pagano e pedestres, que regularmente passam pela viela e conhecem a situação vivida pela pequena estudante.
Já foi dito aqui que do gestor de plantão na Rua Guaicurus, 1000, seja ele quem for, e em que época for, espera-se muito mais do que a simples capacidade de saber atuar como zelador de bens públicos. Falamos, também, da importância de termos um gestor capaz de se apresentar como verdadeiro artífice do desenvolvimento sustentável dos bairros da gente.
Porém, faltou-nos dizer, e o fazemos, agora, diante da inaceitável exclusão da viela da Tomé de Souza, que do poder público instalado na Lapa também esperamos atitudes ancoradas na mais profunda sensibilidade humana. Se assim não for, será o gestor de plantão incapaz de, diante dos abismos sociais – pontuais e de fácil solução – com os quais nos deparamos cotidianamente, ser o agente organizador das políticas de inclusão que seus superiores hierárquicos tanto apregoam.

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