O bairro e o seus maçons

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EDUARDO FIORA

No imaginário coletivo, a Maçonaria ainda figura como uma entidade cercada de grandes mistérios e de pomposos rituais litúrgicos. Não são poucos os adeptos de teorias conspiratórias, que classificam as atividades maçônicas no mundo todo como a mão invisível a dirigir os destinos da humanidade, impondo-se como o ventríloquo de vários personagens históricos ao longo dos séculos.
Na Lapa, os maçons pertencentes a essa ordem procuram, no diálogo com a comunidade, mostrar justamente o contrário. Segundo eles, a Maçonaria defende o aperfeiçoamento do homem e da sociedade não só em termos de melhorias econômicas e sociais, mas, sobretudo, no que diz respeito ao seu desenvolvimento cultural e intelectual.
O bairro é sede de várias lojas maçônicas, subordinadas a duas grandes entidades centrais – ambas com abrangência estadual -, comumente chamadas de Potências. Uma delas, o Grande Oriente Paulista (GOP), cujo expoente é o Grão-Mestre Durval de Oliveira, agrega quatro lojas lapeanas. Na Rua Paulo Franco (Vila Hamburguesa) funciona a Everado Dias, que completou 40 anos de existência, terça-feira, 4 de abril. Na Avenida Mercedes está localizada a Trolha da Lapa, não muito distante da Vigilantes, que fica na Rua Moxei. Por fim, a mais nova das lojas maçônicas da Lapa é Estrela do Jaguaré, com sede na Rua Camacã (Vila Anastácio).
Uma outra Potência estadual com ramificações lapeanas é a Grandes Lojas, à qual estão associadas a Estrela da Lapa (Rua João Pereira); Ernesto Zuanella (Rua Gomes Freire); Edgard Armond (Rua Gomes Freire) e Orion (Rua Paulo Franco).
Estima-se que na Lapa, a comunidade maçônica seja formada por cerca de 500 membros.
Convidado a palestrar no almoço semanal do Rotary Clube de São Paulo Lapa, o Grão Mestre do GOP ressaltou que os ideais maçons respeitam a liberdade de pensamento político e religioso. “Não defendemos esta ou aquela ideologia política. Respeitamos a pluralidade de credos religiosos, porém para ingressar na Maçonaria é preciso professar a Fé em Deus”, explicou Durval de Oliveira. No encontro com dos rotariamos, a loja Everado Dias foi homenageada por ocasião do seu 40º aniversário.
A crença em um Ser Supremo é um dos pilares da Maçonaria, que expressa esse pensamento no uso constante de dois símbolos: a régua e o compasso. “É uma referência a Deus, o engenheiro e arquiteto do Universo”, explica Ricardo Guisado, da Loja Trolha da Lapa. “Essas imagens também fazem referência ao equilíbrio entre espírito e matéria”.
O ingresso na Maçonaria ainda é bastante restrito, a começar pela necessidade de o postulante ter de ser indicado por alguém pertencente à entidade. Via de regra , mulheres não são admitidas, embora existam algumas lojas mistas e outras exclusivamente femininas. São 33 os graus hierárquicos que balizam a estrutura administrativa da Maçonaria. O estágio inicial é de aprendiz, que para chegar ao último grau têm de se cumprir uma série de requisitos e se submeter sucessivos exames teóricos.

Templo aberto

A loja Trolha da Lapa recebeu, no dia 10, a comunidade em sua sede na Avenida Mercedes. O motivo foi a palestra de frei Antonius, do Sítio Agar , uma ONG com sede no bairro de Polvilho (Cajamar) e mantida pela ordem holandesa dos Monfortinos. “Cuidamos de crianças e adolescentes em diversas faixas etárias, entre elas várias soropositivo HIV”, conta o religioso. “Queremos que as comunidades de outros bairros conheçam o nosso trabalho. As crianças e jovens que atendemos não podem prescindir de um poderoso medicamento: o calor humano”.
Parte dos recursos que sustentam a ONG chega da própria ordem religiosa. O restante é captado diretamente no Brasil. “Contamos com a ajuda de instituições como a Abrinq e de verbas governamentais. Além disso, realizamos eventos como bazares, onde também arrecadamos verbas”, explica frei Antonius.
O endereço do Sitio Agar é Rua Corumbataí. Os telefones de contato são 4448-1243 e 4448-1245.

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