Alívio

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Não, ainda não podemos relaxar, mas é um alívio ter outros assuntos para discutir além da pandemia. Mesmo em queda, não podemos esquecer a magnitude da crise que vivemos que já levou mais de 150 mil vidas de nosso país. Infelizmente, quando expostos de forma constante a algo ruim, acabamos normalizando isso, e até deixamos de nos importar.

É semelhante ao que ocorre quando vemos adultos e crianças em situação de vulnerabilidade, nas ruas do nosso bairro. Algo que deveria incomodar, nos deixar indignados no sentido de que todos deveriam ter uma vida digna, um lugar para viver e refeições decentes. E deveríamos nos mobilizar para mudar essa realidade, que não é a nossa, mas convive conosco. E o pior que acontece é que algumas pessoas, sem qualquer empatia, passam a ver as pessoas nessa situação mais como um incômodo do que como pessoas, seres humanos semelhantes a si.

Em contrapartida, felizmente ainda temos pessoas que se incomodam. Que não aceitam a injustiça e querem mudar o mundo para melhor, ou pelo menos o mundo que está a seu alcance. Caso dos moradores do entorno da Praça Cornélia que querem revitalizar uma área coletiva e histórica que foi palco de momentos importantes para muitas pessoas. Preservar um espaço, além de cuidar da parte estrutural, é manter sua memória viva. Por isso o Coletivo da Praça Cornélia em parceria com o Jornal da Gente vai criar um acervo de imagens que remetam às boas lembranças das pessoas na praça. Não podemos deixar que registros materiais se percam ou fiquem guardados no fundo de uma gaveta quando temos a facilidade da tecnologia para compartilhar histórias positivas. E acredite, precisamos de boas histórias nesse momento.

Outra luta importante que já existe há muitos anos é a das pessoas LGBTQIA+. Pessoas que querem algo muito básico: ser quem são. O Brasil liderou nos últimos anos o ranking de país onde mais transexuais são mortos e é surreal se deparar com esse dado. Tivemos essa semana a inauguração de uma casa na Vila Ipojuca que irá oferecer cursos variados, orientações e acolhimento de pessoas LGBT, a primeira unidade da região oeste. Esse tipo de política deve ser celebrada. Não podemos esquecer que na década de 1970, não muito tempo atrás, tínhamos uma gestão municipal que fazia coisas como a “Operação Tarântula”, que recolhia LGBTs da rua, sem nenhum crime ter ocorrido. Não podemos deixar essa história se repetir.

Também tivemos a volta de parte das atividades culturais, com rigorosos procedimentos de segurança. Podemos não ter recuperado completamente nossa liberdade e tranquilidade, mas podemos respirar com mais leveza (e máscara) com essa retomada.

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