Uma prece lapeana

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Sob a proteção de Nossa Senhora Aparecida, cuja data de aparição coincide com o aniversário de fundação do nosso bairro, a Lapa completou 433 anos neste 12 de outubro. O que surgiu como uma pequena vila protegida dos ataques indígenas pela “Tranqueira do Emboaçava”, espécie de fortaleza localizada onde é hoje o Jardim Humaita, no encontro dos rios Pinheiros e Tietê, tornou-se um bairro pujante, símbolo do desenvolvimento da cidade e uma das regiões mais valorizadas de São Paulo.

Podemos descrever a Lapa de hoje como um bairro moderno, com uma completa estrutura de comércio e serviços e que, por isso mesmo, tem se projetado como a ‘menina dos olhos’ da indústria imobiliária, que vem investindo pesado aqui com a construção de condomínios clube de alto padrão, espalhados principalmente pela Romana e a Leopoldina.

Todo esse investimento, no entanto, não foi capaz – pelo menos não ainda – de ‘arrancar’ de vez da Lapa aquele ar de tradição interiorana. Andar pela Rua 12 de Outubro, mesmo agora com algumas lojas que chamam a atenção pelas vitrines arrojadas, é um mergulho no passado. Faltam os bondes, mas as pessoas andando pelas calçadas com sacolas nos braços formam um cenário que parece não mudar com o tempo. O mesmo acontece quando entramos no Mercado da Lapa, que poucos meses atrás completou 69 anos mas que ainda espalha pelo bairro aquele cheiro bom de especiarias e embutidos, mantendo um visual que se conserva igual desde 1954.

O marco dos festejos de 433 anos da Lapa foi a festa realizada em parceria pela Subprefeitura Lapa, o Jornal da Gente e o União Fraterna, este último outra importante referência histórica do bairro. Para não perder o costume, o salão nobre do União Fraterna reviveu, na segunda-feira, 10, um pouco do brilho dos bailes de outrora. Digo um pouco porque os trajes, agora, não são os mesmos ternos e vestidos longos da época de ouro dos jantares dançantes. Mesmo assim, era alegria o que se via nos rostos dos casais que rodavam pelo salão ao som de músicas de ontem e de hoje. Como faziam antes, por certo, muitos dos nossos pais e avós nascidos aqui e que frequentaram o mesmo salão.

São essas tradições, mixadas ao ar de modernidade, que fazem inflar nosso orgulho de lapeanos. Apesar da insegurança, dos contrastes sociais e do trânsito caótico, vivemos, sim, em uma terra abençoada. E, sendo assim, que Nossa Senhora Aparecida continue intercedendo por nós. Amém!

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