Por um planejamento participativo

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Ao contrário de grandes metrópoles como Paris e Nova Iorque, São Paulo cresceu desordenada, sem qualquer planejamento. E a consequência dessa falta de visão de nossos governantes é que vivemos, hoje, em uma cidade desumana sob o ponto de vista urbanístico e social. Uma cidade que não aproxima seus habitantes, que não integra a população; mas que afasta e segrega!

São Paulo representa exatamente o oposto do conceito da vida em comunidade – algo que é a própria razão de existir dos municípios. Como exemplo desse contraste, temos bairros como São Mateus, na Zona Leste, região extremamente carente de árvores e áreas de lazer e economicamente subdesenvolvida, e os Jardins e a Lapa, bolsões verdes da Zona Oeste onde a população pode usufruir de inúmeras praças e parques, além de contar com uma estrutura de comércio e serviços pujante.

O Plano Diretor Estratégico (PDE) e a Lei de Zoneamento, ambos agora em processo de revisão, querem consertar todas essas discrepâncias, tornando os bairros mais iguais em termos de ofertas de equipamentos de lazer, verde, facilidade de transporte público e habitação para todas as classes sociais. A ideia é proporcionar uma estrutura que permita a quem trabalha morar próximo ao emprego. A que as crianças tenham creches e escolas ao lado de casa e que o comércio e os serviços cheguem a todos de forma uniforme. Uma cidade onde, enfim, se respire qualidade de vida. Algo que nós, paulistanos, povo lutador e aguerrido, sem dúvida merecemos!

Mas não é o que deve acontecer caso o arcabouço das propostas de revisão dessas leis não seja radicalmente alterado. Isso é o que pensam alguns dos mais renomados especialistas em urbanismo da cidade, como Lucila Lacreta, do Movimento Defenda São Paulo. “O que temos, na verdade, é um desajuste da ocupação do solo, da sustentabilidade socioambiental”, alertou ela em um debate promovido na quarta-feira, 18, na Câmara Municipal, pela vereadora Cris Monteiro (NOVO). Para Lucila, a permissão para construir um maior volume de edificações no entorno das estações de metrô e ao longo das vias segregadas não é garantia de um uso mais democrático dos espaços urbanos da cidade, já que não significa que as famílias de baixa renda vão conseguir comprar os imóveis ali localizados.

Para mudar radicalmente o perfil da cidade, tornando-a mais humana e dando oportunidades a todos, é necessário, em primeiro lugar, que a lei imponha limites à especulação imobiliária, exigindo compensações pela ocupação do solo, como ressalta outro participante do debate, o geólogo do IPT Agostinho Ogura. E isso só se consegue com um debate transparente e o forte empenho da população. É acima de tudo pelo respeito à participação popular nas discussões da lei que os paulistanos devem lutar.

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