Febem omite e distorce fatos

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Terreno onde está o novo complexo encontra-se em obras

No mais absoluto sigilo, a Fundação do Bem Estar do Menor (Febem) colocou em funcionamento, nos dias 16 e 17 de setembro, a unidade construída na Vila Leopoldina, ao lado do Cadeião. Desde aquele período o novo complexo abriga 71 menores infratores.
A informação, obtida com exclusividade pelo Jornal da Gente na segunda-feira, 9, deixou a comunidade revoltada com a falta de transparência da entidade. Não bastasse a ocultação do funcionamento da unidade, que ainda está em obras, a Febem, durante a semana, adotou uma lamentável e condenável tática de distorção dos fatos, tendo como “porta-voz” o jornalista Marco Antonio Siqueira, responsável pela Assessoria de Imprensa da entidade.
Sem liberar para a reportagem do JG uma fonte qualificada, Siqueira foi o responsável por uma série de informações que não batem com a realidade dos fatos. Quando questionada por qual razão a comunidade não foi informada sobre o funcionamento da unidade Leopoldina e por qual motivo não havia sido divulgado o nome do diretor responsável pelo novo complexo, a Febem, sempre a partir de seu assessor de imprensa, alegou o seguinte: “Uma transferência dessas (71 menores) não é para ser divulgada por motivo de segurança”; “A Febem tem por norma não passar o nome completo dos diretores, por motivos de segurança”.
Ambas as respostas não batem com as práticas usuais da instituição. Os argumentos do assessor são desmontados a partir de textos publicados no site da Febem e creditados à própria Assessoria de Imprensa. São várias as notícias publicadas dando conta do nome e até mesmo curriculum de diretores de unidades como Tatuapé, Vila Maria, Brás e Raposo Tavares, por exemplo. Também existem várias noticias sobre inauguração de novas unidades em todo o Estado
Também não faz sentido manter o nome dos diretores em sigilo. É um direito da comunidade saber quem tutela os menores. Vale lembrar que no início de outubro, a Justiça condenou funcionários e diretores da Febem a 87 anos de prisão por terem torturado adolescentes. Um dos punidos foi o ex-diretor da Febem Tatuapé.
Na terça-feira, 10, a reportagem do JG percorreu e fotografou, livremente, o terreno onde foi construído o complexo Febem Leopoldi- na. O cenário era preocupan-te. Obras no local; carros de visitantes dos presos no cadeião estacionados a poucos metros do muro da Febem; ausência total de segurança. Cercas de arame que separam a área da rua estavam rasgadas existia a livre passagem da linha férrea até o muro do complexo Leopoldina. Tudo isso numa unidade que já abriga mais de 70 menores. A reportagem questionou a Febem sobre essa situação. Por telefone, depois de ouvir todo esse relato, o assessor Siqueira pergunta ao JG. “Cara, aonde você está querendo chegar? Há algum problema em tudo isso que você diz ter visto?”
Na tentativa de abrir um diálogo com fonte efetivamente fidedigna e na busca de repostas concretas, seguras e, sobretudo, verdadeiras, o JG entrou em contato direto com o gabinete da presidente da Febem, Berenice Gianella, e com o corregedor da instituição, Alexandre Perroni.
Ficou acertado, segundo Perroni, que a presidente Berenice acompanhará o Jornal da Gente para uma visita ao local onde está instalada a nova unidade, aproveitando a ocasião para dirimir dúvidas.

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