Lapeana na Ouvidoria

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Eduardo Fiora

Aos 47 anos, 22 deles vividos na Lapa, a advogada Maria Lumena Balaben Sampaio tem pela frente um dos maiores desafios de sua vida profissional. Na terça-feira, 25, Lumena, como é conhecida no seu convívio com a comunidade, foi nomeada pelo prefeito Gilberto Kassab para assumir a Ouvidoria Geral de São Paulo. Ela ocupará o cargo interinamente até que uma lista tríplice de nomes, com participação comunitária, possa ser apreciada por Kassab.
Na quinta-feira, no amplo gabinete no 16º andar da Galeria Olido, no centro da cidade, a advogada lapeana recebeu o Jornal da Gente para a sua primeira entrevista a um veículo de comunicação enquanto ouvidora geral da maior metrópole da América Latina.

O que significa, do ponto de vista pessoal, assumir esse cargo?
Lumena – É uma nova experiência, fascinante e assustadora, mesmo para quem, como eu já tem uma larga experiência no que diz respeito ao diálogo com o cidadão, pois venho de atuações em órgãos de defesa do consumidor (Procon e Idec). O lado que eu chamo de assustador vem pela gigantesca dimensão do cargo. O fascinante vem do fato de ser paulistana e me identificar plenamente com a cidade onde cresci e tenho raízes, sobretudo na Lapa e na Vila Anastácio. Poder servir a população de São Paulo desta maneira é algo gratificante.

Na prática, como é o trabalho de um ouvidor municipal?
É um vasto gerenciamento de informações e de relacionamentos externos (o público em geral) e interno (equipe de trabalho). A equipe de profissionais da Ouvidoria que atende o cidadão processa, mensalmente, milhares de reclamações e sugestões, que são catalogadas numa rede informatiza- da. É em cima desses dados que o ouvidor se debruça. É a partir deles que ele abre diálogo com as esferas municipais apresentando relatórios periódicos apontando problemas e propondo caminhos, sobretudo no tocante a políticas públicas. Garimpa-se o individual, projetando-se cada situação para o coletivo.

É possível pensar num modelo de ouvidoria descentralizado, com cada subprefeitura tendo seu próprio ouvidor?
Descentralizar seria importante, pois as características de cada subprefeitura são completamente diferentes. Não se trata de criar ouvidorias isoladas, mas sim da formalização de um sistema de ouvidorias, de modo a estar mais perto da população que tem, de fato, raiz nos bairros locais.

O lapeano parece ter a percepção dos problemas do cotidiano, mas, na maioria das vezes, não sabe como e onde bater para ser atendido. Qual a sua avaliação no que diz respeito à capacidade de reivindicação das comunidades locais?
O bairro vive dinâmicas diferentes. Uma é imposta pelos moradores. Outra vem da população flutuante que é bastante numerosa. A preocupação de quem mora é diferente de quem vem ao bairro para trabalhar . Os compromissos são distintos. Mas para que se reivindique algo é preciso que nos identifiquemos enquanto cidadãos. É preciso que nos identifiquemos com as coisas locais como a Unidade Básica de Saúde, os sistemas de iluminação, a obra irregular, a poda de árvore, o transporte que utilizamos. Ou seja, que nos identifiquemos enquanto cidadãos capazes de perceber que essas coisas têm a ver com a nossa cidade, com o bairro onde estamos. E aí entra a importância de um canal de comunicação bem estruturado como a Ouvidoria Geral.

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