Rua da Gente – Faustolo

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A Rua Faustolo, localizada entre duas das principais vias da Lapa: Ruas Clélia e Guaicurus, já foi, na década de 40, um local tranqüilo e exclusivamente residencial. Quem hoje passa por ela não imagina que na época era um lugar pacato. Quem recorda bem destes anos é Elias Rodrigues de Paiva, morador da Faustolo de 1941 a 1954, que guarda até hoje lembranças da rua. Dentista e professor universitário aposentado da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de Sorocaba (PUC), Paiva chegou a estudar no Colégio Campos Salles. “Lembro-me bem daquela época. Brincávamos na rua, ainda sem asfalto, não tinha sequer trânsito. Era muito bom também namorar na Praça Cornélia”, recorda com saudosismo, o docente da PUC. Outra lembrança bem viva de Paiva são os campos de futebol que existiam na região. Um deles estava localizado onde é hoje o Hospital Sorocabana. “ Neste campo, jogavam o Guaicurus Clube. Era muito divertido assistir a essas ‘peladas’ ”.
Para Luiz Adelino Bicalho, proprietário do Bar Valadares e ainda morador da Rua Faustolo, as recordações estão ligadas à própria vida. Aos 23 anos, o comerciante aportou em terras lapeanas e até hoje continua morando na região. “Sempre trabalhei neste comércio. Lembro-me que a Faustolo ainda tinha a sua mão no sentido contrário ao da Rua Clélia, e muitos trabalhadores da empresa Santa Marina utilizavam essa via como local de passagem”, recorda Bicalho.
Quem também fala da rua de antigamente é Helio Minghin, 81anos, que residiu no local nos anos 40. “Vindo de Araraquara em 1941, fui morar com a minha tia no número 1825 da Faustolo”, conta esse neto de italianos por parte de pai. “O ofício de minha tia era costureira e ela recebia alunas que praticavam corte e costura. Foi aí que conheci Geny. Ela veio até a Faustolo aprender a costurar, mas também apreendeu a namorar, tanto é que nos casamos em 1949. Tivemos dois filhos e estamos juntos até hoje”.
Na memória e no coração de Hélio Minghin bate um sentimento nostálgico, recordando algo impensável atualmente.“Fazer amigos naquele tempo era bem fácil do que hoje. O contato com as pessoas nas ruas era intenso. As famílias vizinhas conversavam, colocando cadeiras e banquinhos na frente de suas casas”, afirma Minghin.
Por fim, ele faz questão de lembrar de outros momentos felizes como os bailinhos no número 1825 da Faustolo. “Era divertido dançar, sobretudo em tempos de Carnaval. Tudo era família, tudo era amizade”.

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