Grávidas e sem futuro

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Prestes a dar a luz, sem-teto tem como abrigo os baixos do viaduto Mofarrej

Dentre as dezenas de sem-teto
que se espalham pelas praças e marquises da Leopoldina não raramente
surgem jovens grávidas. Desde maio até agora, o JG conversou com três
mulheres (18 anos, 21 anos e 28 anos) que em plena gravidez tinham como
casa barracos aramados nas ruas do bairro, sem contar, efetivamente,
com políticas de inclusão por parte do Poder Público, a não ser a
solução dos albergues.
No início de 2007, o JG ouviu o defensor público Carlos Henrique
Loureiro, para quem a oferta feita pela Subprefeitura de transferir os
moradores para albergue não é correta. “Esse tipo de abrigo não é
apropriado para a vida em família”, afirmou Loureiro.

A espera de inclusão

Passados quase dois anos, a gestão local da Sub Lapa parece não
encontrar outra solução a não ser aquela que o Ministério Público
condena. Debaixo do viaduto Mofarej, a reportagem do JG cruzou com uma
mulher grávida de 8 meses. “É o meu sexto filho. Moro aqui na a rua.
Antes eu estava no alojamento Humaitá. A Prefeitura tirou a gente de
lá. Recebi (em setembro de 2007) R$ 4 mil reais. Consegui pagar aluguel
durante um tempo. O dinheiro acabou e agora estou aqui debaixo do
viaduto. Gostaria de ter uma casa, mas só me falam em albergue”, disse
em tom desolado a sem-teto. Não muito distante dali uma jovem de 21, no
quarto mês de gestação reclamava da fiscalização da subprefeitura.
“Eles (os fiscais) vêm aqui (no canteiro em frente ao 91º DP) e levam
as coisas da gente (carroças, pertences)”.
Nos baixos do viaduto Mofarrej outras mulheres, homens e até crianças
esperam por inclusão, que poderia começar a partir do uso da parte
concretada pela Subprefeitura em parceria coma construtora Kallas,
justamente para evitar a concentração de sem-teto no local. Segundo a
subprefeitura “as entidades que se interessaram pelo espaço nos baixos
do viaduto Mofarrej estão formulando projetos (sociais) e recolhendo a
documentação necessária para iniciar as atividades no local. Ainda não
há prazo estipulado. Os moradores de rua contam com várias políticas de
atendimento público o que também é oferecido a esses moradores e eles
fazem uso rotineiramente”.

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