Futebol raiz

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2021

Num mundo movido à tecnologia e no qual o celular vem substituindo o contato pessoal, os encontros e as tradicionais brincadeiras de rua falar de futebol de várzea pode parecer anacronismo. Mesmo porque, pelo menos aqui em nossa região, os nostálgicos campos de várzea próximos ao Rio Tietê, que nos idos de 1950 faziam a alegria da garotada da Lapa e da Leopoldina, já não existem mais. Foram ‘soterrados’ pelos condomínios clube que hoje marcam a arquitetura moderna que esses bairros ganharam.

Mas é preciso abrir uma larga exceção para enaltecer a trajetória de 70 anos do Botafogo Futebol Clube da Vila Leopoldina, o time do coração de todo bom lapeano e leopoldinense que se preze. O Botafogo nasceu num campo de várzea que tomava conta da área que hoje abriga a Ceagesp, em janeiro de 1954. Mas de forma alguma se tornou parte de um passado engolido pela especulação imobiliária ou pela mudança radical nos hábitos dos jovens de hoje.

Ele permanece mais vivo do que nunca nos garotos que atualmente defendem, com garra, orgulho e paixão, a camisa alvinegra. Vive nas conversas de botequim dos torcedores e dos jogadores da velha guarda, que relembram a miúde os feitos históricos do time, suas conquistas memoráveis e também alguns fracassos, que, afinal, fazem parte do futebol. E é imortalizado nas inúmeras fotos, taças e troféus, de ontem e de hoje, expostos na sede própria do clube, na Avenida Imperatriz Leopoldina, onde, aliás, as festas de confraternização continuam concorridíssimas como sempre foram.

E será assim, esperamos, por muitos anos mais. Pois falar do Botafogo é falar de futebol raiz – e algo que tem raiz não morre! É celebrar, sim, uma parte da história do nosso bairro, mas de uma história que continua gerando frutos no presente e que hoje ajuda a moldar o futuro de muitos lapeanos e leopoldinenses, já que o clube mantém um importante trabalho social na comunidade.

Eu mesma tive oportunidade de participar de algumas das memoráveis festas de Natal patrocinadas pelo Botafogo, nas quais Papai Noel chegava de helicóptero distribuindo presentes para as crianças das comunidades carentes e as famílias se divertiam com brincadeiras, comida e bebida farta.

Porque futebol é isso: une, ensina, emociona. Se traduz num coração em formato de bola. Uma paixão que transcende o passar dos anos e, portanto, jamais será anacrônica, jamais perderá o brilho. Então, parabéns ao nosso querido Botafogo Futebol Clube da Vila Leopoldina! Que esse time continue a nos dar muitas alegrias e boas lições por mais 70 e tantos (muitos) anos…

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