A persistência e força de vontade são armas para quem quer de fato atingir um objetivo. Foi assim durante mais de 18 anos de luta da presidente da Associação Amigos da Vila Pompeia, Maria Antonietta de Lima e Silva, para ter uma solução para as enchentes, principalmente as do cruzamento das avenidas Pompeia com Francisco Matarazzo. A cada verão Antonietta e toda a comunidade da região assistem, como a repetição de um filme, a água da chuva invadir o ponto baixo da Avenida Pompeia, se acumular, até tomar todo o largo cruzamento entre o viaduto e Avenida Francisco Matarazzo, interrompendo o trânsito de pedestres e veículos.

Se o Centro de Gerenciamento de Emergência prevê chuva forte, a Defesa Civil e a CET logo coloca agentes para prevenir acidentes no alagamento. A paralisia causada pelas enchentes tem reflexos no movimento do comércio e na vida do cidadão.  Muitos carros já ficaram submersos. As casas, posto de gasolina e prédios que existiam entre a Avenida Pompeia, Francisco Matarazzo e Turiaçu sempre foram tomados pelas águas de março. A area acabou desapropriada e os imóveis demolidos no final de 2011. Muitos acreditavam que o local abrigaria um piscinão, mas um estudo da Prefeitura apontou que o custo-benefício seria inviável e a galeria de canalização – do Córrego Água Preta, que passa sob a Avenida Pompeia, e do Córrego Sumaré, – foi a saída encontrada pelo poder público.

Em sua visita ao canteiro de obras da canalização dos córregos Água Preta e Sumaré, quinta-feira, o prefeito Fernando Haddad parabenizou Antonietta justamente pela sua persistência junto às várias secretarias da Prefeitura na busca de projetos e solução para as históricas enchentes da Pompeia.  O prefeito vistoriou o canteiro e falou que daqui um ano e meio os reflexos positivos da obra já serão sentidos pela comunidade.

A insistência da líder comunitária é um exemplo para outros bairros, como a própria Lapa, que tem enchentes na Rua Guaircurus e região do Mercado da Lapa, e também para a Leopoldina, que é invadida pela água a cada chuva forte. As duas regiões tem projetos para novas galerias, mas, ao que parece, precisa de pressão comunitária para deixar o papel e virar realidade. Aliás, outro bom exemplo de cobrança que dá resultado foi dado pelos alunos da Emei Noêmia Ippolito, da Vila Romana, durante a passagem do prefeito e do secretário de Educação Cesar Callegari pela escola de educação infantil. Eles pediram a Haddad mais qualidade e pontualidade na entrega de uniformes e kits escolares. Outros reclamaram que estavam cansados de comer sempre a mesma comida. Os pedidos foram repetidos. Conclusão: o prefeito prometeu avaliar a questão da merenda e também cumprir o prazo para entrega dos kits e uniformes escolares. Vitórias são vitórias, sejam elas grandes ou pequenas, mas exigem persistência para conseguir o que queremos. 

Essa semana a Cidade avançou no processo democrático com o lançamento do Conselho Participativo Municipal pelo prefeito Fernando Haddad, na quinta-feira, 1. Secretários Municipais, vereadores, subprefeitos e imprensa testemunharam a assinatura do decreto por Haddad. Agora cabe à comunidade dos seis distritos que compõe a Subprefeitura Lapa (Lapa, Leopoldina, Perdizes/Pompeia, Jaguara, Jaguaré e Barra Funda) aproveitar a oportunidade e se candidatar aos conselhos regionais para participar do planejamento, fiscalização das ações e gastos públicos.

No seu discurso, Haddad esqueceu de mencionar que a iniciativa da proposta do Conselho Participativo foi do vereador José Police Neto  do PSD,  mesmo partido de seu antecessor, Gilberto Kassab. Police Neto esteve na solenidade e atribui a falha de memória do prefeito ao seu intenso volume de trabalho. Com tantos protestos enfrentados nos últimos dois meses e a visita da presidente da República, Dilma Roussef, para o lançamento do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) de R$ 8 bilhões de investimento para obras na Cidade de São Paulo (de mobilidade urbana, drenagem e recuperação de mananciais), um dia antes ao anuncio do conselho, o detalhe deve ter escapado ao seu discurso.

Mas o que importa é que a partir deste mês começa a formatação da comissão eleitoral que irá acompanhar o pleito na subprefeitura. Aliás, ao dizer que cada subprefeitura vai eleger um conselho regional, o prefeito destacou que esses conselhos serão os mais importantes por ficar mais perto da população. Agora é preciso que a população se aproprie desse poder que lhe foi conferido. Cada uma das subprefeituras elegerá um conselho regional para cuidar de problemas do seu território.

Os indicados para a comissão eleitoral serão conhecidos após a audiência devolutiva do Plano de Metas marcada para 24 de agosto, na Subprefeitura Lapa. Não podem participar da comissão eleitoral quem exerce mandato parlamentar, ocupa cargos em comissão no poder público ou aqueles que querem se candidatar ao Conselho Participativo Municipal.

Já o candidato  a conselheiro deverá apresentar ainda uma lista de, no mínimo, 100 assinaturas de pessoas que apoiam sua candidatura. O número de conselheiros eleitos será proporcional ao número de habitantes por distrito.  No total, serão 38 conselheiros na Subprefeitura Lapa (7 da Lapa, 11 em Perdizes/Pompeia, 5 no Jaguaré, 5 no Jaguaré, 5 na Jaguará e 5 na Barra Funda).

Escolher seu representante neste conselho é um exercício que fortalece a musculatura da democracia e aprimora nosso poder de avaliação. A comunidade deve impedir que esse conselho regional não seja como tantos outros, sem função ou chapa branca, que apenas validam aquilo que as autoridades apresentam, mas deve transformar esse convite em uma participação efetiva na gestão do seu distrito, com transparência.