50 vilas da Pompéia desapareceram do mapa

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Tombamento de vilas defendido por moradores será tema da comemoração do Dia da Pompéia

Construídas para abrigar operários das Indústrias Matarazzo na década de 20, as tranqüilas vilas de casas da Pompéia guardam histórias da formação do bairro e já serviram de cenários para novelas como Roque Santeiro e comerciais estrelados por personalidades como o cantor Leonardo, lembra o morador da Travessa Fortes de Cravatá há 40 anos, José Erandes Lucas.
Mas a transformação dos últimos vinte anos tem preocupado Lucas e outros moradores. De acordo com o líder do Movimento Pompéia Viva, Edmundo Fonseca Correa Garcia, das 150 vilas, 50 não resistiram à especulação imobiliária e sumiram do mapa da Pompéia.
Defensor dos espaços de convivência, Gilmar Altamirano lembra que em 2003, o Movimento Pompéia Viva junto com o Centro Humanista Expressão, a APPA (Associação Pompéia de Preservação Ambiental) e mais vinte entidades entregaram um pedido de Tombamento de todas as casas das vilas da Pompéia ao Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo). “A verticalização enriquece poucos, separa as famílias, amigos e vampiriza a história da região”, diz ele, acrescentado que as vilas são os locais onde os vizinhos se encontram.
Na casa 1, da Forte de Cravatá, Anselmo Fazzi guarda recordações da época quando se casou, em 62, e foi morar na vila. “A casa era da minha sogra e da minha esposa. Fomos embora em 68 e voltamos em 82 para o mesmo lugar. Eu gosto de morar aqui. Todos se conhecem e um olha a casa do outro, é seguro”, relata ele.
Gabriel de Toledo e Silva tem 25 anos e sempre morou na travessa. A gente presa por viver coletivamente”, relata o rapaz.
Qualidade de vida
Se por um lado às incor-poradoras “tentam” comprar sobrados para construir prédios, casais como Ceres Campos e Walter Correa procuram uma casa em vila. “O prédio de apartamento é uma coisa fria”, declarou Ceres enquanto procurava informações sobre um imóvel que dá fundos para a Forte de Cravatá.
Entre as 100 vilas que sobrevivem na Pompéia está a Amélia e a Travessa Caligasta, na rua Caraíbas, onde a irmã do ator global Alexandre Borges, Kênia Piacentini, reformou a casa que foi comprada pelo avô, passou pelo tio, tia e depois para a sua mãe. “Vim pra cá com 18 anos. A gente morava em cima e minha mãe (terapeuta) atendia em baixo. Agora vamos transformá-la em uma clínica de estética”, revela Kênia. O processo de tombamento está em andamento no Conpresp e o assunto será tema da comemoração do Dia da Pompéia ( 7 de outubro).

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