Prevaricação geral

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Os bairros da gente crescem verticalmente, atraem novos moradores, ganham estabelecimentos comerciais de porte, recebem novas empresas prestadoras de serviços, colocando, assim, a região da Sub Lapa, sobretudo o eixo Pompeia-Romana-City Lapa- Vila Hamburguesa-Vila Leopoldina, no centro das áreas mais valorizadas da cidade de São Paulo.

Mas um olhar atento a essa paisagem urbana revela graves distorções sociais, que não podem passar em branco nem por nós, comunidade, muito menos pela Prefeitura, governo estadual e governo federal. Estamos falando de antigos problemas, que se agravam a cada dia, como áreas repletas de subhabitações e da insustentável situação dos moradores de rua.

Oportuno seria que uma caravana formada por vereadores, deputados estaduais e deputados federais engajados com as questões da região da Sub Lapa – ou seja o G-8 e o G-10 -, visitasse, por exemplo, os baixos do Viaduto da Lapa (nas duas pontas), ruas como a Dr.Seidel e Hassib Mofarrej (ambas na Leopoldina) e áreas limítrofes no perímetro Pompeia-Lapa de Baixo-Barra Funda. Essa visita, absolutamente necessária, mostraria a cada um dos 18 nobres parlamentares (socialistas, ex-comunistas, sociais-democratas com ou sem bico e penas, verdes ambientalistas e defensores do trabalho e dos trabalhadores) faces de uma metrópole terceiromundista.

Sim, os bairros da gente estão repletos de verdadeiros guetos da exclusão onde encontramos, em barracos ou ao relento, infância totalmente abandonada, adolescência prostituída, adultos sem eira nem beira e idosos sem esperança. Não muito distante das casas da gente nos deparamos com ilhas excludentes cercadas pela droga, seja ela lícita ou ilícita, e vitimadas pela doença, tanto as físicas quanto (e talvez principalmente) aquelas mentais.

Ao visitarem os locais aqui indicados, os nobres vereadores e deputados mergulhariam na terra dos que vivem sem nada ter: moradia, creche, escola, assistência na área da saúde, bolsa família e afins. O chão dos que dormem entre ratos e esgotos é  formado e mantido pela prevaricação (retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício) municipal, estadual e federal, esferas de poder que ignoram os direitos fundamentais garantidos no Artigo 5º da Constituição Federal, também conhecida como Constituição Cidadã.

É preciso mudar esse quadro com ações efetivas. O primeiro passo nessa direção é abrir diálogo entre governo e instituições comunitárias (associativismo de bairro, associativismo corporativo, movimentos de cidadania e instituições de ensino superior) de modo a ter em mãos o diagnóstico da complexa situação dos “sem nada” e planejar ações concretas de inclusão social.

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