Uma estatística sem valor

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Morar em uma região onde há grande quantidade de praças é um dos privilégios que, nós, lapeanos, temos. Um recente levantamento realizado pela Prefeitura de São Paulo mostra que a Lapa está entre os bairros da cidade com maior número de praças por habitantes: são 404 espaços públicos verdes em uma área onde vivem cerca de 300 mil pessoas, o que equivale a dizer que o bairro oferece uma praça para cada 756 habitantes.

Com tantas opções de áreas verdes à disposição, vale nos questionar o que, de fato, estamos fazendo com esses raros oásis em meio à selva de concreto que a cidade representa. De acordo com as várias denúncias que o JG recebe de moradores e integrantes do CADES – Conselho Regional de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura da Paz, apesar da grande quantidade de áreas verdes no bairro, boa parte delas não cumpre a função de praça, tamanho o descaso com a conservação desses espaços. Desleixo, é importante salientar, que vem tanto por parte da própria população, que acaba transformando essas áreas em depósito de lixo, quanto do poder público, que é ineficiente em prover os necessários serviços de zeladoria – ou seja, limpeza, varrição, corte de grama e poda de árvores.

Por isso é preciso aplaudir iniciativas como a da administradora paulistana Suely Carvalho, que junto com a cantora Regina Machado começa a realizar o sonho pessoal de transformar cada vez mais praças da cidade em espaços de leitura. Suely e Regina estão trazendo para a Praça Manoel Caetano da Rocha, na Vila Ipojuca, o Projeto Lendo na Praça, iniciativa social que tem como objetivo democratizar o acesso à cultura e à informação e, ao mesmo tempo, incentivar os cuidados e a ocupação sustentável dessas áreas verdes, estimulando os cuidados ambientais e a sociabilização.

A marca registrada do projeto é a colocação de uma ‘casinha de livros’ feita em madeira na praça escolhida. Antes da Vila Ipojuca, os bairros de Vila Mariana e Carrão já foram ‘presenteados’ pela dupla com uma minibiblioteca a céu aberto, que hoje já transformou para melhor o uso dos espaços verdes onde estão localizadas.

Esperamos que, aqui, a pitoresca ‘Casinha de Livros’ que agora chega à Vila Ipojuca seja um instrumento de conscientização, lembrando a todos os lapeanos o quanto é importante cuidar e fazer bom uso das praças e demais espaços verdes dos quais dispomos. Caso contrário, o ranking que nos coloca em posição privilegiada em relação à quantidade desses espaços por habitante torna-se apenas um número vazio, sem acrescentar aos moradores da região nenhum privilégio.

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