Obra inacabada

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Um cenário de destruição. Foi assim que lideranças comunitárias encontraram as unidades do Conjunto habitacional Ponte dos Remédios durante a visita a obra com o engenheiro da Secretaria Municipal de Habitação, Carlos Shitakubo, na quinta-feira. Instalações elétricas e hidráulicas dos apartamentos que estavam em fase de conclusão quando a Schahim Engenharia abandonou o projeto em abril, foram perdidas. Portas arrombadas e a fiação, janelas, pias e louças sanitárias furtadas. Paredes pichadas e interruptores quebrados faziam parte do cenário de destruição. “Um desperdício de dinheiro do publico”, resumiu o presidente do Conselho Comunitário de Segurança de Vila Leopoldina, Jairo Glikson. Outro a criticar a falta de zelo com os recursos públicos perdidos foi o presidente da Associação de Moradores do Jardim Humaitá, Djalma Magalhães, vizinho da obra.

A Secretaria Municipal de Habitação (Sehab) colocou GCMs (Guardas Civis Metropolitanos) para segurança 24horas do local, mas o furto já tinha acontecido. Ganhadora do processo de licitação, a Schahim desativou a área de engenharia do grupo depois do pedido de recuperação judicial no Tribunal de Justiça de São Paulo, em meio às investigações da Operação Lava-Jato. O grupo acabou por abandonar as atividades da área de engenharia e construção para se concentrar na de petróleo e gás. Resultado: a construção foi paralisada em abril. Na ocasião, a Secretaria Municipal de Habitação informou que 35% das obras foram executadas com R$ 15 milhões investidos. Um dinheiro considerável. Até a conclusão do conjunto habitacional serão investidos R$ 43,4 milhões – do Fundo Municipal de Saneamento Ambiental e Infraestrutura, segundo Sehab.

A dificuldade foi encontrar outro consórcio para dar continuidade a construção iniciada pela Schahim. Ou seja, é um contrato de risco onde o novo desconhece como o velho consórcio fez a base do conjunto. A segunda colocada na licitação declinou do convite. Agora a terceira, a Paez de Lima/Simétrica aceitou o desafio. O processo está na fase de entrega de documentação para assinatura do contrato. O novo consórcio terá que reinvestir em tudo que foi furtado e concluir a primeira fase do conjunto de moradias. Atrasada, a previsão de conclusão das primeiras unidades era até o final do ano, mas com a paralisação passou para 2016 e mais uma vez foi retardada. Se tudo der certo, as primeira 1070 unidades devem ser entregues em 2017 para reduzir o déficit habitacional na Cidade. Até lá, famílias cadastradas no programa habitacional da Prefeitura, como dona Cleusa e a irmão Rosa, filhas e netos que vivem por 14 anos na calçada da Rua Hassib Mofarrej, continuam em moradias improvisadas sem qualquer tipo de saneamento. Talvez a análise em licitações necessite, mesmo, de uma revisão profunda e de acompanhamento do Ministério Público para evitar o desperdício de recursos públicos como o que ocorreu na obra inacabada do conjunto Ponte dos Remédios.

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