Penso que a união seja elemento fundamental para que se construa uma Cultura de Paz, seja no mundo todo ou apenas entre um pequeno grupo de pessoas. Por isso, foi muito importante o forte e caloroso sentimento de união que se viu no breve, mas marcante, trajeto de Caminhada pela Paz, organizada aqui na Leopoldina, no sábado, 30, pela comunidade e entidades da região, com o apoio de vários comerciantes locais.
Empunhando ‘armas brancas’ representadas por cartazes simples pedindo “Semeie a Paz”, “Pela Vida” e “Não à Violência”, os moradores percorreram a Rua Schilling, saindo da esquina com a Carlos Weber e indo até a Passo da Pátria, mobilizados contra todas as formas de violência, especialmente aquelas que atingem as mulheres do bairro.
De mãos dadas, recebiam o apoio dos lojistas, que acompanhavam a movimentação acenando da porta de seus estabelecimentos, dos motoristas que trafegavam na faixa contrária e de vários pedestres que acabaram se unindo ao grupo, numa corrente de energia positiva que fez muita gente parar para refletir.
O ‘estopim’ para esse grito de Basta! foi o crime bárbaro que aconteceu no início de agosto, quando uma moradora da Rua Carlos Weber foi morta à queima roupa pelo ex-marido, inconformado com a separação. Da minha rua, paralela à Carlos Weber, pude escutar os três tiros e as sirenes da ambulância e dos carros de polícia que vieram em seguida. Confesso que, ao saber da notícia, um sentimento de tristeza e de revolta tomaram conta de mim. Ver tantas mulheres mobilizadas pela caminhada fez arrefecer um pouco essa sensação doída. Afinal, juntos – ou juntas – somos mais fortes!
Não é de hoje que a Leopoldina clama pela Paz. Vemos no rosto apreensivo das pessoas andando pelas ruas, nas conversas pelas esquinas e, principalmente, nos grupos de WhatsApp do bairro que a população daqui está com medo. Além dos crimes envolvendo mulheres, vemos nossas crianças sendo empurradas e machucadas por causa de um celular, uma bicicleta ou um par de tênis; moradores tendo seus carros roubados, com ladrões apontando armas em plena luz do dia, além de outras tantas cenas violentas.
Num bairro que ainda tem ‘cara’ de interior, é triste perceber tamanha sensação de insegurança. Mas, ao mesmo tempo, estarmos todos unidos por um ideal nobre e imbuídos de boa vontade para ajudarmos uns aos outros mostra que podemos, sim, diminuir a violência e promover a tão esperada Paz!
