Debate desmonta tese oficial

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debate ocorreu nas Faculdades Rio Branco

“Com as mudanças climáticas que estamos vivenciando, fruto da ação do homem na natureza, cada vez mais estaremos sujeitos a chuvas intensas num período curto de tempo”. Para quem ouviu as recentes justificativas do subprefeito Paulo Bressan a respeito das enchentes na Lapa e Leopoldina em março deste ano, a informação dada pelo geólogo Eduardo Soares Macedo, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas da Universidade de São Paulo (IPT),coloca em total descrédito o poder público municipal.
Segundo Bressan, os dois bairros ficaram submersos, pois as chuvas de março foram atípicas, não existindo obra de infra-estrutura capaz de segurar tal volume de água. “O que no passado acontecia uma vez por ano (chuva excepcionalmente forte), irá se repetir mais vezes. A Lapa, por estar na parte mais baixa da região dos rios Tietê e Pinheiros, tende a sofrer muito com isso. Assim, é preciso repensar o planejamento do bairro, já a partir do Plano Diretor”, acrescentou Macedo, durante a realização da quarta rodada dos seminários Comunidade e Cidadania organizada pelo Jornal da Gente, na segunda-feira, 25, no auditório das Faculdades Integradas Rio Branco.
Para debater o tema Sustentabi-lidade Ambiental – Pensar global e agir local, o JG, em parceria com o Defenda São Paulo e MOVER, convidou, além de Eduardo Macedo, outro especialista em meio-ambiente, o também geógrafo do IPT, José Luiz de Albuquerque Filho (IPT).
O seminário reuniu membros da comunidade da Lapa e Vila Leopoldina e contou com a presença de interlocutores privilegiados, como a Procuradora de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo, Luiza Nagib Eluf; a vereadora Soninha (PT); e representantes da Secretaria Municipal de Habitação e da Estação Ciências, além de técnicos do IPT e moradores de bairros distantes como Santana, Jardins e Mooca. O ex-subprefeito da Lapa, Adaucto Durigan, também prestigiou o evento.
A quinta rodada dos seminários Comunidade e Ciadania acontecerá em agosto. O tema em debate será a questão da infra-estrutura do transporte e malha viária na Lapa e região, com destaque para o modais ferroviário e metroviário.

Repensar a Leopoldina

Outra questão abordada no seminário foi a fragilidade do solo da Leopoldina, assentada sob um grande lençol freático. “Não se trata de um rio subterrâneo”. explica o geógrafo José Luiz Albuquerque. “O que existe, na verdade, é um conjunto de rochas subterrâneas que apresenta inúmeros espaços preenchidos por água. Lentamente, essa água vai sendo escoada, de forma natural, para o rio. Na Leopoldina esse lençol está muito perto da superfície. Isso significa que é preciso planejar o crescimento vertical do bairro com base em rigorosos critérios e estudos de impacto ambiental”.
Ex-presidente da Associação Amigos de Bairro do Alto da Lapa (Assampalba), a Procuradora de Justiça, Luiza Eluf, fez uma intervenção que arrancou aplausos do público presente ao falar do divórcio entre governo municipal e comunidade, quando a assunto é planejamento urbano “Nesse caso, quase sempre o Poder Público está contra nós. Mas é preciso reagir. A Lapa e Leopoldina não suportam esse crescimento sem planejamento. É hora de parar. Se preciso for, que tenhamos a coragem de propor que não se ergam mais prédios na região”, afirmou Eluf.

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