A Doze e seus dramas

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Tudo bem mais calmo na rua Doze de Outubro, depois de dias de muita tensão e violência. Aos poucos, os ambulantes que conseguiram regularizar seus TPU´s (Termo de Permissão de Uso) voltam a trabalhar na região. Mas, para alguns vendedores, não há motivo para comemorações. Confira o relato da ambulante Maria Raimunda de Andrade.
“Estou com tudo pago, mas só posso passar na subprefeitura no dia 28 para escolher o local onde irei ficar. Acontece que está tudo ocupado. Eu vou marcar o local onde trabalhei nos últimos vinte anos, que é em frente o número 205 da rua Doze de Outubro. Se ele não estiver disponível eu não escolho nenhum outro. Eles não respeitaram o tempo de registro do TPU. Os meus registros (datam de 30 de março de 1989) foram feitos na época da Erundina (ex-prefeita de São Paulo. Diga seu eu tenho ou não o direito de continuar trabalhando na Doze.
Não tenho ponto, pois não sou prostituta. Tenho, isto sim, um local de serviço. Tenho 48 anos, uma filha menor para criar, um marido dependente (ele é deficiente físico) e uma sogra de 98 anos, que mora na Bahia e precisa de ajuda para comprar fraldas e alimentos.
Não acho justo, depois de 20 anos trabalhando num local, perder esse espaço para uma outra pessoa. Se você mora numa favela e lá é um local de risco, a prefeitura providencia a remoção para um outro espaço seguro. Como é que depois de 20 anos ela vai me remover para um lugar qualquer?
Peço ao subprefeito, (diz quase às lágrimas) que ele ajude a nós todos. Que ele venha ver estes papéis (mostra TPU E CCM). Que ele investigue mais. A maior parte dessas vagas da Doze vão ser alugadas. Por enquanto, o proprietário está lá, trabalhando direitinho. Mas deixa a coisa esfriar para ver o que acontece. Eles vão embora e alugam seus espaços. O meu eu nunca aluguei. Está escrito aqui no papel que isso não permitido. Não é justo não meu senhor isso que estão fazendo comigo. Cadê o direito do cidadão?”

Para muitos ambulantes, a volta aos locais de origem tem sido algo incerto

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