Arquitetura humana

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Eduardo Fiora

O atual panorama brasileiro coloca a política no centro das atenções, com os holofotes voltados para o mar de lama que se instalou em Brasília. Sem ainda tomar as praças, como aconteceu em 2002 na crise do governo Collor, a população torce para que as investigações das CPIs revelem a verdade dos fatos e punam corruptos e corruptores. Enquanto aguardam pelo desfecho desse grande escândalo, milhões de brasileiros seguem suas vidas cotidianas, cujo palco principal é o bairro, essa unidade sócio-geográfica tão perto de nós, mas muitas vezes desconhecida. É do espanhol, radicado na Colômbia, Jesús Martín Barbero, um dos mais importantes e atuantes teóricos do fenômeno da Comunicação, a frase que melhor define o bairro em sua essência: “trata-se de uma arquitetura para humanos, espaço que em vez de separar e isolar, comunica e integra: a casa com a rua, a família com a vizinhança, a cultura com a vida”.
Acompanhar essa integração em bairros da Zona Oeste, como Jaguaré, Lapa e Leopoldina é o desafio que, diariamente, move a equipe de reportagem do Jornal da Gente. Nessa edição, a mediação entre cultura e vida ganha espaço na voz de um migrante cearense, que há 20 anos desembarcava no Jaguaré. Radicado hoje na Leopoldina, o escritor e Thiago de Sião, lança, no dia 26 de agosto, o livro “Mistérios e Vibrações do Código da Vinci”, envolvente contraponto ao best-seller “O Código da Vinci”, de Dan Brown, que aponta o suposto envolvimento de Jesus Cristo com Maria Madalena. Com argumentos bem estruturados, Sião nos convida a uma outra leitura do célebre quadro de Da Vinci retratando a última ceia de Jesus com seus 12 apóstolos.
A mediação da casa com a rua pode ser entendida a partir de pelo menos duas reportagens: Numa delas apontamos alternativas para quem costumava freqüentar a feira de cães e gatos no Parque Villa-Lobos. Noutra, mostramos como a subprefeitura da Lapa pretende conduzir a remoção temporária dos ambulantes da Doze de Outubro, operação que inicialmente prevista para o dia 14 de agosto, foi adiada na manhã do dia 13, sábado, quando o Jornal da Gente já circulava pelos bairros.
Já a integração da família com a vizinhança ganha contorno singular na reportagem sobre Júlio Marquesin, morador da Lapa, que no próximo dia 25 completará 100 anos.
Essas e outras matérias mostram que, como aponta Jésus Martin Barbero, o bairro é, de fato, uma apaixonante arquitetura para humanos. Boa leitura.

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