Negligência pública

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Eduardo Fiora, editor do Jornal da Gente

Entre os meses de abril e maio este jornal fez chegar à Secretaria Municipal do Meio Ambiente o relato de uma grave situação: o livre acesso de qualquer cidadão a uma grande área contaminada e repleta de perigos visíveis no interior do Parque Orlando Villas Bôas, na Vila Leopoldina.
De volta ao local no dia 11 de agosto, a reportagem do Jornal da Gente constatou que o alerta de meses atrás nada valeu, uma vez que o portão de acesso ao terreno contaminado estava totalmente escancarado sem que ninguém controlasse a entrada e saída de pessoas numa área que a Prefeitura e o Governo do Estado de São Paulo reconhecem como passivo ambiental (contaminação grave) a ser recuperado com recursos públicos. Ao percorrer livremente esse terreno onde funcionava uma base operacional da Sabesp, registramos os perigos aos quais uma criança ou adolescente curioso que frequenta o inacabado Parque Orlando Villas Bôas está submetido: gigantescos tanques de ácido corrosivos, terra revolvida de um solo onde existem contaminantes deletérios à saúde exposta ao meio ambiente sem proteão alguma; enorme tanque repleto de efluentes líquidos que a Sabesp tratava quando estava em operação; além de uma área contígua com mato alto, convidando a qualquer pessoa má intencionada a realizar um crime leve ou mesmo hediondo.
Enquanto rodávamos sem ser abordados por nenhum segurança civil ou mesmo homens da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana – que tem uma base, não muito distante do portão que dá acesso à área contaminada – membros da CooperVivaBem, cooperativa que trabalha com lixo reciclável num terreno dentro do Parque – discutiam formas de recorrer de uma multa de R$ 16 mil reais aplicada pela Cetesb ao Limpurb (órgão responsável pela política de reciclagem do lixo em São Paulo) e repassada por este ao cooperados por conta de irregularidades na disposição de resíduos sólidos.
Essas duas situações vividas na área verde da Vila Leopoldina são paradoxais. A Prefeitura que não cuida do que é nosso (Parque Orlando Vilas Bôas) é multada pelo governo do Estado (Cetesb). O poder público estadual, por vez, deixou no terreno que era de sua propriedade um passivo ambiental totalmente desprotegido o que implicaria em multas à Sabesp. Mas no fim quem paga a conta é população de baixa renda (cooperados).
Diante do paradoxo fica uma pergunta: há ou não algo de errado nessa situação? Com a palavra a Promotoria do Meio Ambiente.

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