Resgate de um legado

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A partir deste sábado, 10 de setembro, um dos pontos de entrada para da Lapa, mais especificamente a Praças dos Inconfidentes (no início da Rua Guaicurus, em frente à sede da União Fraterna) se transforma em marco zero do bairro, com a inauguração de um monumento, cuja concepção e construção tem caráter comunitário.

Idealizado em 2010, pelo então presidente do Conselho das Associações Amigos de Bairro da Região da Lapa (Consabs Lapa), o nosso saudoso Boneli, em parceria com a Distrital Lapa da Associação Comercial de São Paulo, cujo superintendente na época era Lys dos Santos, o chamado Marco da Lapa foi concebido voluntariamente pela artista plástica lapeana Carmen Gebaile. O projeto de construção (obra física) foi coordenado, também de forma voluntária, pelo engenheiro lapeano Douglas Formaglio. A viabilização do monumento foi possível graças à participação da iniciativa privada e do apoio da Subprefeitura da Lapa, gestão do subprefeito Carlos Fernandes.

Registrados os devidos créditos, vale aqui abstrair importantes significados da inauguração do Marco da Lapa. Como se vê, o monumento é fruto de uma grande parceria, o que nos permite uma primeira e breve reflexão. A luta por melhorias nos bairros da gente só será vitoriosa se seus atores forem capazes de deixar de lado interesses pessoais para lutar, de mãos dadas, pelos interesses coletivos.

Mas quem se dispõe a lutar no âmbito comunitário precisa estar 100% antenado com as comunidades locais, estabelecendo com elas um diálogo franco e constante. É isso o que fazia, pelo menos até março deste ano, o Consabs Lapa. A entidade, após a morte de Boneli, ainda não conseguiu se recompor, o que deixa um enorme vazio não só no relacionamento intracomunitário, mas também no campo da cidadania, onde graves problemas locais em áreas críticas como segurança, saúde, e assistência social, entre outras, deixaram de ser o foco da atuação do Consabs. A entidade sofreu um inexplicável apagão e seu corpo diretivo (presidente e diretores), até aqui, não deu sinais de ser capaz de reencontrar o caminho da atuação pró-comunidade. De fato, muitos moradores nos questionam: o que acontece com o Consabs?

Quem precisa dar uma resposta a essa inquietante pergunta é a própria entidade. E o deve fazer muito mais com ações concretas do que com discursos formais ou eventuais justificativas. Boneli fazia questão de dizer, e este jornal sempre assinou embaixo, que “a participação da comunidade ainda é o melhor exercício de cidadania para se alcançar todos os objetivos de uma coletividade”. Essa frase resume o legado de décadas de atuação do Consabs Lapa, grande parte dele deixado por Boneli. É uma herança valiosa que precisa ser resgatada.

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